segunda-feira, maio 28, 2012

Comissão de arbitragem - Paulo Jorge Alves

Assim como já tinha feito contra o Atlético-PR na Copa do Brasil, o Palmeiras anunciou que "vai se queixar à CBF sobre arbitragem de jogo contra o Grêmio". Ignorando a eventual tentativa de condicionamento, acho que o clube faz certo, é preciso tomar medidas contra erros de arbitragem.

Entendo que o Grêmio também deveria encaminhar a sua reclamção em relação ao jogo contra o Vasco e também poderia (mas acho que aí já não deveria) reclamar de alguns lances do jogo contra o Palmeiras (como uma falta em André Lima, na entrada da área, que não foi marcada).

A própria CBF (que torna pública as suas orientações aos árbitros) criou um procedimento para que os clubes encaminhem suas queixas em relação a arbitragem. A iniciativa é louvável, mas será que é suficiente? Será que trará algum resultado? Eu tenho minhas dúvidas.



O comunicado da CBF afirma que o Ouvidor da arbitragem receberá as reclamações, estudará medidas cabivéis e encaminhará para análise da Comissão de arbitragem. E aí que começam os problemas. Quem são os membros dessa comissão? Sérgio Corrêa Da Silva , Luiz Cunha Martins , Manoel Serapião Filho e Paulo Jorge Alves.

O nome de Paulo Jorge Alves é de triste recordação para a torcida gremista. Foi ele o bandeirinha que assinalou um impedimento inexistente de Jardel na semifinal da Copa do Brasil de 1996.

Em razão do reencontro das duas equipes nesse ano, a Zero Hora decidiu resgatar uma entrevista feita com Paulo Jorge Alves e com o árbitro Dacildo Mourão, sobre o fatídico lance:

No final de 2010, para a série de reportagens No Último Minuto, Zero Hora entrevistou o ex-árbitro Francisco Dacildo Mourão e o ex-auxiliar Paulo Jorge Alves. Confira trechos da conversa:

Zero Hora – O senhor reconhece que errou?
Francisco Dacildo Mourão – Veja bem, acho que nós erramos.
ZH – Foi o maior erro da sua carreira?
Mourão – Acho o seguinte: quando o bandeira erra, eu sou sincero, eu credito o erro ao bandeira. Foi o maior erro da carreira do bandeira. O árbitro não tem condições de ver, é muito difícil.
ZH – O senhor se arrepende de ter atendido ao aceno do bandeira?
Mourão – Lógico.
ZH – Sabia que após o senhor anular o gol morreram do coração dois torcedores do Grêmio?
Mourão – Sabia não, sabia não. Coitados. Estou sabendo agora. Que eles estejam bem com Deus.

Zero Hora – Dacildo Mourão afirma que o erro foi seu.
Paulo Jorge Alves – Não teve erro. Existe uma imagem da TVA que mostra o impedimento. A CBF provou isso. O Ivens Mendes, que era diretor de arbitragem, conseguiu o teipe e divulgou. Só que a imprensa gaúcha não quis divulgar, não soube, ou não quis saber.
ZH – Mourão admitiu a falha.
Alves – Ele jamais poderia admitir. É o lance da minha vida, mas graças a Deus, foi provado que eu estava certo.
ZH – O senhor sabia que morreram duas pessoas do coração após a anulação do gol?
Alves – Tenho certeza de que essas pessoas que desencarnaram estão bem. Se soubesse que isso aconteceria, faria diferente. A vida tem muito mais valor do que um impedimento. Naquela semana, também morri um pouco, mas depois ficou provado que eu estava certo.


Dacildo, ao menos, tem a dignidade de admitir o erro. Já a postura de Paulo Jorge Alves é um tanto estranha. Vale-se da benção de Ivens Mendes (presidente da Conaf afastado por suspeita de corrupção) e de um suposto vídeo da TVA para dizer que estava certo. A ESPN Brasil era o canal de esportes da TVA a época e no vídeo da emissora Jardel segue tendo condição legal.

Dito isso, fica a pergunta: Um sujeito que é incapaz de reconhecer seu próprio erro, mesmo depois de mais de 15 anos, vai conseguir identificar analisar o erro de outros árbitros? Vai ter o desprendimento de indicar medidas educativas/punitivas?

Um comentário:

Renato disse...

Que grande post! Ainda hoje tenho ódio mortal desse Paulo Jorge Alves, eu estava na social exatamente na linha do "impedimento" do lance. Na hora ficou claro que não havia irregularidade nenhuma, nada justificava a marcação desse bandeira. Saber que ele faz parte da Comissão de Arbitragem me dá nojo.