terça-feira, setembro 18, 2012

1977 - Gauchão - Inter 0x2 Grêmio


O Campeonato Gaúcho de 1977 teve uma fórmula disputa que parece pouco usual para os dias de hoje, mas era bem comum na época: 3 turnos para apurar os finalistas. O Inter ganhou o primeiro, o Grêmio ganhou o segundo e a dupla chegou a última rodada do terceiro turno empatada na liderança, e ali se enfrentariam no Beira-Rio no dia 18 de setembro de 1977. O ganhador ficaria em vantagem nas finais.

O clima do campeonato era pesado. O Grêmio reclamava da FGF. O Inter se queixava de Agomar Martins, que no Gre-Nal anterior não apitou o pênalti numa falta cometida por Ancheta, marcando equivocadamente a cobrança fora da área.

O presidente do Inter, Frederico Arnaldo Ballvé lembrava que este Gre-nal do terceiro turno seria "diferente", pois seria disputado no Beira-Rio e "Lá, juiz nenhum terá coragem de nos roubar. Nós não criamos clima de hostilidade durante o campeonato, mas se querem ver quem é melhor nisso, vamos criar um clima pior ainda." O juiz da partida foi escolhido num sorteiro na manhã do jogo e o vice de futebol do Inter, Artur Dallegrave repetiu "o Inter não vai ser roubado no Beira-Rio."

E por essas coincidências do futebol também ocorreu um lance polêmico no Gre-Nal 234. Mais uma falta cometida dentro da área que o juiz não marcou pênalti.

O Grêmio adotou uma postura cautelosa na primeira meia hora do clássico. Aos 32 minutos Tarciso arrancou da intermediária em passou para Iura. O "Passarinho" sairia na cara do goleiro Manga não fosse o toque de mão de Bereta, dentro da área. Mas Carlos Martins marcou falta fora da área. Contudo essa polêmica durou pouco segundos. Tadeu Ricci cobrou a falta no ângulo, inaugurando o placar.

Com o 1x0 o Grêmio passou a dominar o jogo e ainda marcou o segundo com Tarciso, eleito o melhor em campo. A vitória colocou o Grêmio em vantagem para as finais do campeonato. Bastava um vitória (ou dois empates) para quebrar o jejum.


Folha da Tarde

"Arbitragem

Carlos Martins foi um árbitro que soube controlar os ânimos dos jogadores e evitar a violência. Mostrou cartão amarelo de maneira correta e não influiu no resultado do jogo, por sorte. Isto porque cometeu um grande erro, ao não assinalar a mão de Bereta dentro da área. Estava próximo ao lance, mas determinou que a falta fosse batida de fora da área. Assim mesmo Tadeu Ricci marcou o gol. Além desse erro, inverteu faltas. Mas num aspecto geral, seu trabalho pode ser considerado como bom. Os auxiliares Adão Alípio Soares e Paulo Serafim não cometeram erros."
(Folha da Tarde - 19 de setembro de 1977)


"Os gols

1 a 0 - 31 minutos do período inicial - Num contra-ataque do Grêmio, sem muita agressividade, Bereta disputou o lance com Iúra, dentro da área, desequilibrou-se e na queda tocou com mão na bola. O árbitro não marcou o pênalte, alegando ter sido a mão fora da área. Tadeu cobrou a falta, no ângulo.

2 a 0 - 21 minutos do segundo tempo - O Inter atacava desordenadamente, quando Iúra pegou a bola pela ponta-esquerda, mas no meio-campo. Correu até quase a linha de escanteio, driblou Bereta e passou a bola para André, que evitou Marinho e cruzou alto na área pequena. Tarciso entrou correndo e de cabeça marcou o gol."
(Folha da Tarde - 19 de setembro de 1977)




"Pois os 2 x 0 ainda saíram bareto para o Inter, pela superioridade gremista e o seu (dele Inter) completo desarvoramento, principalmente depois dos 30 minutos, quando sofreu o primeiro gol.

A vitória tricolor foi a do muito superior em execução de jogadas e plano de jogo. Marcação rígida, solidariedade tanto nas ações ofensivas como defensivas, onde sempre havia, perto, além do que estava com a bola, mais um ou dois - enfim, um time orientado, que mordeu, que valeu pelo todo mas com cada um dentro do seu rendimento normal para cima. E mesmo jogando no estádio adversário, ainda, quando a catimba foi útil, soube fazê-la. Oberdan esteve sempre em cima do juiz, sem acinte, mas com a utilidade que isso pode produzir, enquanto isso, do outro lado, ninguém nesse tarefa. Indiferença total...

É difícil destacar no time do Grêmio sem usar a palavras todos, mas uma nota especial para Oberdan, que não só foi insuperável como zagueiro, como estabeleceu um comando, em campo, cuja influência foi sentida em todos os quadrantes do gramado."
(Cid Pinheiro Cabral - Folha da Tarde - 19 de setembro de 1977)





Placar


"Sérgio Moacir afinal fez entrar Escurinho no lugar de Luisinho, que não mostrou jeito para ajudar o meio-campo nem disposição para as divididas. Mas tal era a tensão do Inter, que o primeiro lance de Escuro foi um pontapé sem bola em Vítor Hugo.

Briga: Em teoria não era Gre-Nal para isso - Ninguém queria ficar fora dos jogos decisivos. Iúra começou dando uns bicos nas canelas de Falcão, mas logo levou um pito de Oberdã. A violência do Inter, contudo, ao sentir a derrota leva a pensar que muitos jogadores tenham perdido o jogo e algo mais. Senão, como interpretar a escandalosa agressão de Manga a Tarciso, ele que, aos 40 anos, nunca havia sido expulso a
ntes?" (Divino Fonseca - Revista Placar - 23 de setembro de 1977)




Correio do Povo


"Com o resultado favorável, o Grêmio cresceu em campo, favorecido também pela perturbação do Inter, que passou a atacar desordenadamente. Cauteloso na defesa, o Grêmio passou a explorar mais ainda as jogadas de contra-ataque, principalmente com Tarciso e Tadeu Ricci, que souberam aproveitar muito bem os espaços deixados na meia-cancha e defesa do Inter.

Os dois time voltaram sem modificações para o segundo tempo. Igualmente o panorama do jogo não mudou muito. O Grêmio sempre esteve mais perto dos 2 a 0, do que o Inter do empate. A pressão do Inter era tranqüilizada pela boa colocação da defesa do Grêmio que, por sua vez, continuava insistindo nos contra-ataques, sempre com relativo perigo"
(Correio do Povo - 19 de setembro de 1977)



Zero Hora

"Antes da partida, a torcida do Grêmiopresentia a vitória no clássico. Uma hora e meia antes do início do Gre-Nal, os torcedores já ocupavam todo o espaço destinado as suas acomodações nas gerais e arquibancadas do Beira-Rio. Pouco a pouco, a cor azul começou a encher os espaços vazios no meio da torcida do Inter.

A partida foi realizada no campo do adversário e a administração do Inter se encarregou de colocar faixas nos locais que seriam ocupados por sua torcida. Pois a massa gremista deu uma demonstração de sua força colorindo o Beira-Rio de azul, com muito maior número de faixas e bandeiras.

Acima da torcida do Internacional, nas arquibancadas, estavam as faixas com os dizeres: Adão não sofria porque o Grêmio não existia, Camisa 12, Octacampeão, Chegou a hora da verdade, Garra, Colora..Qua..Qua. Os tricolores, que tomaram conta de boa parte do Beira-Rio, respondiam com as suas faixas: O Inter não vencia porque Hofmeister não existia, Tribunal de Justiça deles, Tem senhora suspeita no TJD, Grêmio, ontem, hoje, sempre.

As 26 bandeiras coloradas fixas nas arquibancadas, eram as únicas, enquanto os gremistas entravam no estádio carregando e agitando mais de 30 bandeiras"
(Zero Hora - 19 de setembro de 1977)





"Até os 24 minutos, a partida continuava indefinida, com poucos lances mais fortes. Num escanteio para o Inter, Marinho subiu para a área. Durante a jogada, acertou um tapa no rosto de Iúra. O meia-direita reclamou e recebeu cartão amarelo. Aos 32 minutos, houve o lance do gol do Grêmio. Numa disputa de bola, Bereta cometeu toque dentro da área: pênalti. Carlos Martins marcou fora da área. Na cobrança, Tadeu marcou. Quase ao final do primeiro tempo, o juiz mostrou cartão amarelo Bertta, por falta violenta em Éder.

Na segunda etapa, como na fase inicial, Carlos Martins teve pequenos erros. Marcou faltas vencidas e até algumas faltas inexistentes mas na maior parte do jogo. Martins deixou a bola andar, sem truncar muito o andamento do jogo. Aos 15 minutos, Oberdan levou cartão amarelo por segurar demais a bola. Aos 30 minutos, Escurinho acertou violentamente Vitor Hugo, num lance claro de expulsão. Mas o juiz deu só cartão amarelo." (Zero Hora - 19 de setembro de 1977)




"O Placar

32 minutos, do primeiro tempo, 1 a 0, Tadeu Ricci. O Inter foi à frente, Vitor Hugo tomou a bola e lançou a Éder. O ponteiro, com a defesa aberta, sofreu combate de Beretta, passou a bola para Iúra, que cercado por Marinho e Caçapava foi avançando para entra na área, chocou-se com os adversários e na disputa entre Éder e Beretta, a bola foi tocada com a mão pelo lateral. Iúra ainda protestou pedindo pênalti, o juiz deu falta fora da área. Manga formou a barreira com seis jogadores, se postou no canto esquerdo. Tadeu Ricci, encarregado da cobrança, tocou no canto por cima da barreira, bem no ângulo, para o pulo inútil de Manga.

22 minutos do segundo tempo, 2 a 0, Tarciso. A jogada (ensaiada) começou com a reposição rápida de bola em jogo por Corbo. O goleiro entregou a Iúra, este sofreu combate de Caçapava, passou para André no lado direito da área do Inter. O centroavante driblou Beretta, foi perseguido por Marinho na corrida e já dentro da área, quase na linha de gundo, cruzou para trás. Tarciso entrou rápido, por trás de Vacaria e cabeceou para baixo, no meio de gol de Manga, que não aiu para cortar o cruzamento que passara dentro da sua pequena área."
(Zero Hora - 19 de setembro de 1977)





Internacional 0x2 Grêmio

INTER: Manga; Bereta, Beliato, Marinho e Vacaria; Caçapava, Falcão e Luisinho (Escurinho); Valdomiro, Dario e Santos (Benítez)
Técnico: Sérgio Moacir

GRÊMIO: Corbo; Eurico, Cassiá, Oberdã e Ladinho; Vítor Hugo, Tadeu Ricci e Iúra (Wilson); Tarciso, André (Alcindo) e Éder.
Técnico: Telê Santana

8ª Rodada - 3º Turno - Campeonato Gaúcho 1977
Data: 18 de setembro de 1977, domingo, 15h3o minutos
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre-RS
Renda: Cr$ 1.955.940,00
Árbitro: Carlos Martins
Auxiliares: Adão Alípio Soares e Paulo Serafim
Cartões Amarelos: Iúra, Bereta, Escurinho e Oberdã
Cartão Vermelho: Manga
Gols: Tadeu Ricci, aos 32 minutos do primeiro tempo e Tarciso, aos 22 minutos do segundo tempo

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