terça-feira, fevereiro 11, 2014

O pênalti em Pará e as explicações dos juízes



Leandro Vuaden deu uma entrevista a Luiz Zini Pires sobre sua atuação no Gre-Nal 399:

Luis Zini Pires - Qual a nota que você daria para a sua atuação?
Leandro Vuaden – Não sou de me avaliar. O conceito é de vocês. Não me iludo depois de uma grande atuação, nem me martirizo numa nem tão boa assim. O que vale é a média.Não vou acertar sempre, nem sou unanimidade.

Zini - Foi pênalti no Pará? O que você pode dizer agora?
Vuaden – Vi e revi o lance na TV. Gravei o jogo e assisti aos 90 minutos quando cheguei em casa. O meu erro foi não ter marcado falta do Pará no Fabrício no começo do lance. O gremista encosta e desequilibra o colorado. Não vi pênalti.

Zini - Como você apitou o pênalti do Paulão?
Vuaden – Foi um trabalho em equipe. A bola mudou de trajetória repentinamente. Notei, em seguida, a reação dos atletas. O assistente Rafael Alves, que é muito bom, gritou: “Pênalti!”. Eu não podia ter marcado o pênalti parado. Corri para a grande área com convicção. Acertei. O Paulo ainda gritou: “Não toquei na bola”. Ele tocou, sim. As imagens da TV mostram. E se um atacante faz um gol usando o braço. Vale?

Zini - Árbitro trabalha em equipe?
Vuaden – Sim, claro, mas a última palavra é sempre do árbitro. Nossa pré-temporada na Serra foi muito boa. Conversamos e discutimos bastante como um pode ajudar o outro. Antes do Gre-Nal, concentramos em um hotel, falamos horas sobre a partida, traçamos um plano de jogo e, na prática, deu certo. Somos uma equipe. O árbitro não está sozinho.

Zini - Depois do Gre-Nal, D’Alessandro disse: “Fomos roubados de novo”. Você ouviu a entrevista?
Vuaden – Sim, mas não foi direto para mim. Ele falou numa entrevista, talvez tenha dito aquilo de cabeça quente, depois de um clássico nervoso. Não sei bem. Vou avaliar tudo com calma, depois tomarei uma decisão." (Blog Bola Dividida - ClicRBS -10 de fevereiro de 2014)

Antes de mais nada, preciso dizer que é louvável o fato de Vuaden ter se disposto a falar sobre as suas marcações nesse último Gre-Nal. Sinto falta disso em outras partidas. Ainda espero que o mesmo Vuaden explique por que sequer mostrou cartão amarelo para Jackson numa falta em Mário Fernandes no Gauchão de 2012. Não obstante, torço para que esse tipo postura, de vir a público, de se comunicar, de elucidar e explicar, se torne mais frequente na arbitragem gaúcha daqui pra frente.

Mas eu me filio a sugestão dada pelo Gianluca Vialli e Graham Poll, de que o juiz fale IMEDIATAMENTE após o jogo.  Penso que a espontaneidade fica prejudicada quando essa fala é feita muito tempo depois do apito final. No caso em questão, Vuaden certamente foi afetado pela estranha abordagem da imprensa, que acabou falando muito mais do pênalti marcado (toque de mão de Paulão) do que do pênalti não marcado (agarrão de Fabrício em Pará). A diferença fica evidente na comparação das perguntas feitas na coletivas a Abel Braga e Enderson Moreira.

Vuaden esteve exposto a todo esse cenário e absorveu isso antes de tentar explicar a sua atuação. E assim sendo, acabou optando por dar respostas cínicas, que passaram muito longe da sinceridade. Mas talvez eu esteja esperando algo impossível para quem teve como exemplo de carreira um juiz que cansou de negar erros grotescos e inventar explicações estapafúrdias. Talvez eu esteja esperando uma franqueza no diálogo que é desconhecida para quem vê sua comissão de arbitragem afirmar que não precisa "passar o que acontece nas reuniões técnicas para clube algum".

De qualquer forma é muito triste que o principal juiz do futebol gaúcho tenha feito lembrar a clássica frase do Professor Girafales: "Somente uma vez eu me enganei! Uma vez que pensei estar enganado"

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